quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Animais, Nossos Irmãos - (Estudo) Parte 5

“Solidão é lava que cobre tudo
Amargura em minha boca
Sorri seus dentes de chumbo
Solidão palavra cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão”
Paulinho da Viola

 
Senciência Animal

Sempre que levantamos a questão da carne, obtemos duas respostas distintas, que , com o esforço de muitas pessoas que lutam pela libertação animal, aos poucos estão desaparecendo. A primeira era a antiga crença de que os animais não eram sencientes (seres que podem ter emoções, sensações, vontades), a segunda é que poderiam ser explorados porque não eram inteligentes (raciocínio na resolução de problemas, memória, etc). No entanto, são duas barreiras que iremos quebrar de uma vez por todas. Seria bem simples dizermos de pronto, que o fato de um Ser qualquer , não ser considerado inteligente, não nos permite fazermos com ele as atrocidades que cometemos para com os animais, esse é um principio apenas, mas vamos fortalecer ainda mais nossas argumentações para que não restem dúvidas.

Qual ser humano poderia fazer mal a um ser senciente, que tem emoções, que sente dor, que sente alegria? Logicamente nenhum, não podemos nos permitir proporcionar dor ou sofrimento, tristezas ou amarguras. Por isso algumas pessoas relutavam –algumas ainda relutam- em aceitar que os animais são seres sencientes. As que aceitam, logo se propõe a dizer que, por eles não serem inteligentes, poderiam ser abatidos de um modo que não sentissem dor. O problema é que a senciência não se restringe ao campo da dor material simplesmente no momento do abate. Quando nós estamos solitários e tristes, sabemos o que é a tristeza, embora seja uma dor palpável, e sabemos que os sentimentos não são palpáveis, não são materiais, compreendemos que eles provêm sim, de algo material para poderem ocorrer, a tristeza provêm da dor do encarceramento do corpo, a alegria provêm da felicidade do corpo de ser livre, tudo isso torna-se ou não, dor. Os animais sofrem desde o nascimento, encarcerados em celas minúsculas, ora com excesso de indivíduos, sendo forçados de um lado a outro, ficando confinados para que a carne fique tenra, entre outras torturas. O sofrimento deles não ocorre apenas no momento do abate como muitos querem crer, mas durante toda sua vida, isso devido à senciência: eles sentem dor, sentem tristeza e o pior, sentem medo, muito medo e esse já é um aspecto psíquico que deve ser levado em alta conta por qualquer pessoa que se coloque como racional.

Por isso a necessidade de quebramos essa barreira erguida pelos seres humanos em relação aos animais. Não nos será possível, dentro do campo da compaixão e da caridade, fazermos qualquer ato de crueldade para seres que reconhecemos como sencientes, não teremos mais desculpas para explorá-los quando conseguirmos notar que eles, tal como nós, sofrem, não importa aí se a dor é apenas moral ou física, dor é dor, e nenhum ser, mesmo os considerados não inteligentes, apreciam sofrer. Não podendo mais mentir ou omitir a consciência animal, será necessário que assumamos uma nova postura diante deles. Negar isso hoje em dia já é algo ultrapassado, a ciência prova que eles sentem dor, então passaram a anestesiar os animais para aliviar essa dor, inventaram o abate humanitário, mesmo sabendo que a humanidade ainda não é tão humana quanto se imagina. Esse é o chamado Bem-Estar animal, a qual tantas pessoas, entre elas espíritas, se referem; nada mais é do que uma exploração disfarçada, uma tortura consentida, o fato de tratá-los com “menos dor”, significa ainda que a dor está ali presente, mesmo que em menor intensidade, melhorar a dor não é caridade, eliminar a dor e o sofrimento sim, e nós temos essa opção, e não se trata mais da exploração inconsistente que temos ao dizer que podemos ou não usar de nosso livre arbítrio, temos que ter consciência de que fazemos um mal, e podemos ou não, evitar fazer esse mal.. Se tomarmos a senciência como ponto de partida, e nos colocarmos no lugar da vítima, como seres sencientes que somos, veremos que não será melhor que vivamos confinados, mesmo que com boa comida. Veremos que não será vantajoso, nem satisfatório que vivamos sendo furados, obrigados a ingerir medicamentos, anestesiados, abertos e costurados, mesmo que no fim de tudo, sejamos eutanasiados “sem dor” . O medo é algo que não pode ser anestesiado, nem apagado da mente, e medo nada mais é do que reflexo da experiência da dor.

Sabemos que nosso cão está alegre porque vemos a expressão corporal dele, alegria é sinal de senciência, e reconhecemos isso. Sabemos que está com medo quando lhe damos uma bronca e ele corre se esconder, outro sinal de senciência que reconhecemos. O que devemos ter em mente agora é que nenhum animal é tão diferente como queremos acreditar. Bois, galinhas, suínos, elefantes, conseguem manifestar seus sentimentos tal como o nosso animal de estimação então, assim como não maltratamos nosso mascote, não podemos maltratar qualquer outro animal que , reconhecidamente agora sabemos, é também senciente.

Todos os casos que narramos anteriormente, nada mais são do que provas da senciência animal, em cada um dos casos, podemos notar a vontade, o desejo, a dor ou a alegria de cada animal, então não há porque nos enganarmos mais.Nós, como seres sencientes, devemos sentir alguma coisa em relação a isso. Esse sentimento nada mais seria do que compaixão, e a mudança de comportamento, a caridade. Mas ainda resta uma barreira. A Inteligência Animal... 




  Referências Bibliográficas
KREISLER, Kristin Von - A Bondade nos Animais
REGAM, Tom – Jaulas Vazias
SINGER, Peter- Libertação animal,Ética Prática e Vida Ética
MASSON, J. Moussaieff - Quando os elefantes choram
TREZ, Thales e GREIF, Sérgio – A Verdadeira face da experimentação animal





* Na próxima parte trataremos sobre a inteligência animal, até lá.






Simone Nardi





Simone Nardi – criadora deste blog e do antigo Consciência Humana, colunista do site Espírita da Feal (Fundação Espírita André Luiz) ; é fundadora do Grupo de Discussão  Espírita Clara Luz que discute a alma dos animais e o respeito a eles.Graduada em Filosofia e Pós-graduada em Filosofia Contemporânea e História pela UMESP.





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