sexta-feira, 27 de junho de 2014

Cada um, cada um - Eutanásia



Tudo tem o seu lado bom. Uma das boas coisas de envelhecer é não carregar mais tantas inquietações, dúvidas como trazíamos anteriormente. São substituídas por divagações (quando durmo sentado, digo que estou divagando). É muito legal ver onde e o que mudamos, o que continua da mesma forma. "Lei da termodinâmica ou da entropia: A tendência da energia de um corpo é degenerar-se e assim a desordem do corpo aumenta". Quase tudo muda.

            Há ideias que nunca nos ocorreram, quem sabe por nunca termos buscado, por termos nos ocupados com outros enfoques, outras atrações, oportunidades, etc., que, repentinamente, aparecem sem mais nem menos. Crer ou dizer que estamos sendo apenados, quando as circunstâncias que se nos apresentam são propostas de aprendizagem, de reeducação amorosa do que perdemos por nossa incúria, má vontade e desleixo é uma profunda ingratidão mesclada de desentendimento. Não compreendemos quando nos foi exposto, deixamos passar e, assim, não dedicamos o valor que devíamos, que merecia.

            Por exemplo: a eutanásia definida como: a prática ativa de se interromper a vida de um paciente com doença em estágio irreversível e sem possibilidade de melhora, com o objetivo de cessar sua dor; o dicionário a define como “morte sem sofrimento". Continua o que era, o que significava ou foi a visão que temos neste instante que tomou outra direção? Sou mais pela segunda alternativa, pois não há dúvida que não encaro, não a vejo mais como há algum tempo. Apresentaram-se novas conclusões.

            Há pouco mais de um mês lendo o artigo Reflexões sobre a eutanásia, de Juan Agustín Gómes (Blog Irmãos animais- Consciência humana, da companheira Simone Nardi), fui levado a ponderar sobre esse tema. Até então não havia pensado, atentado sobre a eutanásia em animais,-nem nos seres humanos embora, de vez em quando, ela me interessasse; porém nada profundo.

            Que eles (animais) têm sentimentos, emoções estamos cansados de saber e testemunhar. Só não vê quem não quer. Mas, francamente, nunca havia refletido sobre o que poderiam sentir ao serem condenados à morte por eutanásia (eles não escolheram). Imaginem o desapontamento com seu "dono", "amigo humano" que até há pouco tão carinhoso e amoroso se mostrava? E agora iria lhe tirar a vida! Que inconstância! Como conviver com esses seres (inconsequentes?) que agem dessa maneira? Tanta fidelidade dedicada a eles! E o retorno do animal ao mundo espiritual?

           
"Isto não vai acontecer, e se acontecer não tem importância, pois não pensam, não vão ter essa noção! Eles nem tem alma, dirão alguns!". Bem, cada qual com sua maneira de pensar. Cada um, cada um (diz um sobrinho; acho ótimo).

            Porém, e se isso acontecer, de pensarem, de possuírem, estarem inclusos naquele princípio psicológico mencionado/discutido (até em vegetais - vide Alquimia da mente de Hermínio Miranda)? Será que ficarão tristes, magoados? Será que se decepcionarão? E quanto aos nossos irmãos humanos desta caminhada? Entenderão, aceitarão se a decisão da aplicação desta prática não partir deles mesmos, como ocorre com os animais? É tão diferente? São tão diferentes os conceitos de existência entre animais e humanos? Não vamos nem entrar no julgamento dos motivos, interesses, pois este é um terreno, para mim, escorregadio em demasia.

            Sou contra a eutanásia. Estou pronto a declarar, confirmar  meu inconformismo com ela em seres humanos ou animais. Contudo, será que estaria tão bem preparado psicologicamente, emocionalmente, caso as circunstâncias se apresentassem diversas, se algum ente querido, amado viesse a se encontrar em condições dolorosas, sem possibilidades de melhora pela medicina nossa? Como será que reagiria? Creio que não adotaria outro caminho, mas precisaria muita força para suportar os momentos amargos e difíceis que, certamente, advirão.

            Os obstáculos aparentemente intransponíveis que pontificam em nossas existências, assim como as dificuldades com que nos deparamos diariamente (doenças, problemas financeiros, desilusões, etc.), não expressam, especificamente, um castigo, um pagamento por erros cometidos em vidas transatas.  “Entretanto, não seria preciso crer que todo sofrimento neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma falta determinada; são frequentemente, simples provas escolhidas pelo espírito para acabar sua depuração e apressar seu adiantamento.” diz o Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 9.

            Já paramos para colocar essas questões nas balanças de nossas vidas? Eu não tinha parado ainda, e então comecei a refletir. E porque? Porque só agora, após a leitura, após a oportunidade de relembrar esse ponto ao qual poderemos estar sujeitos, após a "divagação", me obriguei a lembrar das intempéries, da transitoriedade em nossas existências. Só agora tentei me colocar no lugar das pessoas que enfrentaram, enfrentam esses acontecimentos, uma boa parte pega de surpresa. Sinto que seria melhor ter algo mais em que me basear do que raciocínios, deduções, conclusões de improviso. Conhecer, entrar em contato, me envolver nem que fosse um pouco, me daria mais segurança, mais conforto, mais consolo se, num futuro, tivesse que me defrontar com um impasse dessa proporção.

           
Na Antiguidade, era comum a crença no destino, um destino traçado pelos deuses que intervinham diretamente na vida humana. O destino inexorável contra o qual nada se poderia fazer. Cumpri-lo era a tarefa humana. Alguns heróis desafiavam-no, mas dificilmente conseguiam fugir dele.  Com o advento da filosofia, o ser humano passa a ser responsável por conduzir sua existência, num primeiro momento, de acordo com princípios e fundamentos universais.

            Conhecer princípios e fundamentos do universo é necessário para dar o sentido correto à existência. Como o percurso solitário no caminho do conhecimento pode ser enganoso, o diálogo investigativo faz-se preciso para a descoberta de sentidos adequados à humanidade.  Nossa responsabilidade passa a ser, não apenas sobre nós mesmos, mas sobre a humanidade e o universo.

            Não há mais determinação, há deliberação. Assim, as escolhas humanas propiciam o sentido da existência.

            Dizem nossos irmãos espirituais que a consciência é o farol que ilumina a estrada a seguir, e forças é o que almejamos caso venhamos a nos arrepender de inconveniências praticadas. Com a consciência pacificada mais tranquilo e iluminado o caminho. Tratando-se de animais ou seres humanos, não há diferenças quanto a VIDA. Obrigado.




Durvalino Barreto,  DB. Amigo e colaborador do Blog

             




           
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