terça-feira, 29 de abril de 2014

A Filosofia e o Movimento de Abolição Animal


Imagem: Coruja, símbolo da Filosofia


Há uma frase de Ricardo Timm que sempre surge em minha cabeça quando lembro do significado da Filosofia para mim e os motivos que me levaram a escolher essa disciplina: 

 "Entrei na Filosofia para combater o sofrimento, e os animais sofrem muito. O homem trata o animal como objeto, pois para ele o tempo não existe para os animais". 

Uma frase forte, de coragem e mais do que tudo, consciente do real significado do que seja Filosofia.
Graduando nessa disciplina e estagiando em escolas do Ensino Médio, me deparei com certas incongruências no meio acadêmico, ou seja, nem sempre o que era dito, era realizado. A palavra “Alienação” parece ser o tema preferido de alguns professores de Filosofia ao indicar o motivo pelo qual essa disciplina acabou sendo obrigatória no Ensino Médio. A Formação do ser humano, que os merloypontianos adoram dizer “a formação dos corpos na sua topologia”, no entanto seguem o mesmo método instrumental que dizem, não deve ser seguido; a cartilha alienante são as mesmices cotidianas, dos problemas cotidianos nos quais a Filosofia se debate há séculos sem nunca conseguir auxiliar as demais disciplinas na solução destes problemas.

Tirinhas Calvin e Haroldo: Juízo Moral - Calvin diz para Haroldo:- Você acredita no diabo? O malvadão supremo que se dedica a tentar corromper e destruir a raça humana?- Haroldo responde: -Acho que a raça humana não precisa dessa ajuda. : Calvin faz cara de paisagem e diz consigo mesmo: -Animais não entendem dessas coisas...


Os professores, alguns, até criam estratégias mirabolantes para fazer o aluno aprender e reter aquele aprendizado a que ele se propôs a ensinar, os métodos sãos os mais diversos, porém mais uma vez, a Filosofia na mão da grande maioria dos professores, não consegue enxergar a raiz do problema. Grande parcela de professores de Filosofia entende bem da antropologia filosófica , além disso, poucos são os que se propõe a realmente questionar dentro de uma disciplina que tem em si a ação do pensar , do ato reflexivo . Poucos questionam de onde surge nossa falta de ética para com o Outro. De onde nasce nosso preconceito? Qual a verdadeira raiz da miséria, sempre subjugada por aqueles que desejam permanecer na riqueza.
A desigualdade social nasce no momento de nosso parto ou nasce quando iniciamos nosso aprendizado, quando damos nossos primeiros e inseguros passos na construção do nosso conhecimento ? 
Criar uma estratégia educacional é algo extremamente importante, mas uma questão ainda mais profunda se oculta por detrás desses processos didáticos, sobretudo na disciplina de Filosofia: O questionar. 
Embora se acredite no meio acadêmico que não se possa prender o ensino de Filosofia somente a sua História, muito embora ela seja necessária para alavancar o trabalho de ensino do professor, o problema é que perguntamos sempre as mesmas coisas e ensinamos, sempre as mesmas coisas. Infeliz do professor que tentar escapar disso.

Alienação, ser humano manipulado
Falamos constantemente sobre a alienação, que nem notamos que estamos alienados ao perguntar sobre ela há anos sem fim e pedir uma liberdade do pensar que não nos permitimos. Questionamos a dominação a qual nos sentimos expostos pelos Aparatos Ideológicos do Estado, mas nos esquecemos de questionar sobre a dominação que fazemos a Outros, pois também nos tornamos aparatos humanos e ideológicos de dominação. Questionamos sobre a violência a que os seres humanos estão expostos e mais uma vez omitimos a reflexão sobre a violência que praticamos com aqueles que colocamos como “diferentes do perfil filosófico tradicional” e antropocêntrico. Falamos da fome “dos humanos”, da dor “dos humanos”, da miséria “dos humanos” e nos ocultamos da dor e do sofrimento que causamos todos os dias aos não-humanos. Não questionamos esse fato porque ao descobrirmos que somos os maiores culpados por nossa própria dor, teríamos que mudar e mudar é algo extremamente dolorido para seres que se julgam acima dos demais. 
Como aceitar que nossa razão, que nossa intelectualidade, que nossa capacidade de linguagem, nossa capacidade de lidar com inúmeros problemas, de reter na memória o que julgamos importante, como aceitar que todo esse complexo racional não conseguiu durante tantos e tantos séculos enxergar algo tão simples?
O Direito à Vida, Direito esse que pertence a todas as criaturas vivas.
Já dizia Georges Ripert “ Quando o direito ignora a realidade, a realidade se vinga, ignorando o direito”. Tudo que fizemos até esse momento foi criar leis e regras com base em nosso direito, ignorando o direito e a realidade a nossa volta. Hoje a realidade está se vingando desses seres intelectuais, mostrando-lhes que seus pseudos direitos podem igualmente ser ignorados por um Outro mais forte e esse Outro mais forte de hoje é a Terra.
Não há como a Filosofia ignorar esse vasto campo de estudo que ela tem deixado passar despercebido dentro das escolas e universidades. A cada ano são levadas, para dentro das salas de aulas, as mesmas questões, elas são trabalhadas, reestudadas sem que nunca se chegue a raiz do problema: A dominação violenta do ser humano sobre a natureza.
A esmagadora maioria dos TCC’s versam sempre sobre os mesmos autores, sobre os mesmos assuntos, poucos são os que se debruçam sobre a realidade, poucos são os que se importam com ela, tudo se transformou numa questão acadêmica do bem falar e do bem escrever, quanto mais intelectual o trabalho melhor, não é necessário que ele traga luzes à realidade, mas que verse bem sobre esse ou aquele autor, de preferência alemão, o trabalho da Filosofia não é esse pensar o agora, dizem alguns. 
Talvez seja isso que falte a Filosofia Brasileira , ressignificar seu significado, ter a coragem de proclamar o que a Filosofia significa para cada um e assim começar a construir uma nova Filosofia mais próxima da realidade, mais próxima da raiz de um dos grande problemas da humanidade, tão temido e ignorado pelos “grandes mestres”, a terrível anomalia chamada de “Movimento de Abolição do Sofrimento Animal”, chegando a essa raiz, chegaremos a verdadeira coragem filosófica de questionar e sobretudo, desmistificar. 

Cavalo com pata quebrada
Os animais não-humanos não podem mais esperar, é preciso coragem de seguir  esse caminho e mais do que isso, é preciso coragem para vencer esses preconceitos filosóficos...







Simone Nardi







Simone Nardi – criadora deste blog e do antigo Consciência Humana, colunista do site Espírita da Feal (Fundação Espírita André Luiz) ; é fundadora do Grupo de Discussão  Espírita Clara Luz que discute a alma dos animais e o respeito a eles.Graduada em Filosofia e Pós-graduada em Filosofia Contemporânea e História pela UMESP.







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