quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Osteosarcoma X Homeopatia X Eutanásia

Foto by SN; Mel
Como aprendemos a tratar nossos companheiros doentes


Quem recolhe animais de rua está bem acostumado a cuidar de doenças, mas nunca está totalmente preparado para isso.Não, nós não nos acostumamos a cuidar e nem nos acostumamos a perder animais para as doenças.Mas uma coisa descobrimos: nem sempre a eutanásia é a melhor solução para o Animal.

Antes de falar da eutanásia, a qual já temos um artigo que trata especialmente dela, falaremos de como fomos nos adaptando as doenças que surgiam, nesse caso especificamente, o osteosarcoma.

O que surge como um simples carocinho, vai literalmente deformar o membro do seu animal, a face, o pélvis, seja onde ele surgir. O crescimento avançado das células cancerígenas é assustador e cuidar de um animal neste estado requer coragem , cuidado e muita dedicação.

Fizemos amizades com muitos tutores que passaram pelas mesmas situações que passamos, trocamos informações e experiências que gostaríamos de compartilhar.

PALPAÇÃO : a maneira mais simples de saber se seu companheiro está doente é observá-lo,tocá-lo, correr os dedos pelo corpo buscando algum sinal que não deveria estar ali. Foi assim que passamos a descobrir e diagnostica (em casa), o osteosarcoma. É claro que a vida de quem tem mais de 10, 20, 30 animais não é tão fácil, mas chegamos, eu e alguns amigos que possuem inúmeros cães e gatos de rua, que sem esse tipo de iniciativa, só descobriremos a doença visualmente, e se o sarcoma pode ser visto de longe, a metástase já pode estar instalada , sem contar o tempo de dor que o animal passou. 

Sempre que possível examine seu animal, preste atenção ao seu modo de andar, preste atenção de ele come , se está enjoado, se está recusando a alimentação, muitas vezes, apenas por prestarmos mais atenção a eles, evitamos que muitas doenças se instalem e os matem.


Cuidados :  o osteosarcoma com o tempo vai impedir a movimentação do animal, com isso e em alguns casos , podem surgir escaras (feridas de decúbito), que complicarão a situação. A primeira coisa que fizemos foi comprar colchões (próprios para cães), no frio arrumamos cobertores, no calor utilizamos lençóis para forrar o colchão, afinal o animal irá passar um longo período deitado e sua cama deve sempre estar limpinha. 

Para manter os lençóis e cobertores secos, optamos pelos tapetinhos higiênicos, onde o animal poderá urinar e evacuar, sendo fácil trocar o tapetinho sujo por um limpo.Alguns cães, não todos, terão dificuldades em urinar, por isso a necessidade da estimulação(como a que é feita nos filhotes). Para isso usa-se água morna e um paninho macio, estimulando os órgãos até que a urina/fezes saiam. Mas logo eles aprendem que "podem" urinar/defecar deitados sem qualquer constrangimento.
 Tapetinhos higiênicos que usamos para manter colchões,lençóis e cobertores sempre sequinhos. Fica mais confortável para o animal e mais descomplicado para os tutores.




A melhor posição quem vai escolher é o próprio animal, nas fotos, July, hora sobre um lado hora sobre outro. A movimentação, contudo, vai ficando mais difícil com a evolução da doença e o tutor vai ter que auxiliar, restando atenção em qual posição o animal se sentirá mais a vontade




Início de  Escara

Início do câncer
Escaras : escaras são feridas que se abrem quando o animal fica na mesma posição por muito tempo. Alguns cães, apesar do inchaço, conseguem se mover e trocar de lado, quando não  conseguem cabe aos tutores essa tarefa de virá-los , revezando o peso corporal e evitando as escaras. Algumas vezes não é possível movimentar muito o animal e esta ferida vai surgir, para tanto, os cuidados necessários exigem dedicação e de certa forma, colaboração do animal( não morder).

Escara pelo sarcoma
Sendo possível lavar a ferida(patas, tornozelos), é bom que se lave com permanganato de potássio, soro fisiológico através de jato, para isso basta furar o frasco com uma agulha, limpando a agulha e o local onde será feito o furo antes e, posteriormente secando bem o local da ferida. Existem inúmeros sprays bactericidas no mercado, sempre é bom utilizar um deles. Caso haja uma crosta escura sobre a ferida (pele gangrenada), o uso, indicado pelo vet, de uma pomada também bactericida pode auxiliar na remoção desta pele , bem como o açúcar, capaz de auxiliar até mesmo no processo de cicatrização. mas sempre se aconselhe com seu veterinário antes de iniciar os curativos.

Para impedir que a escara da Mel aumentasse, fizemos uso de uma luva cirúrgica, enchemos de ar de modo a ficar fofa, apoiamos o pé dela entre o colchão e a luva para aliviar a pressão e mantivemos os curativos.
A luva mantém a ferida longe do contato com o colchão, aliviando a pressão e auxiliando no trabalho de cicatrização.


Almofadas entre os membros, toalhas para aliviar a pressão do corpo, tudo fará diferença no cuidado com o animal

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Foto da Orelha,cão, cedida pela amiga Karla,

Em certos momentos, conforto será tudo que o tutor poderá oferecer ao seu amigo.

Na foto é possível ver a almofada para separação dos membros inferiores, isso alivia o contato e o "suor" exagerado; se o cão se mover pouco esse suor se tornará incomodo, causando mal cheiro e até assaduras. Sob o corpo do animal o tapetinho higiênico/fralda, mesmo que o animal urine, vai ficar sequinho e seu cobertor também. Na cabeça vemos outra almofada, para aliviar a tensão da cabeça/pescoço, aliviando o incomodo de passar muito tempo na mesma posição.

 
Alimentação : isso vai depender muito de cada animal. A Yannis não deixou de se alimentar um só dia, a Vitória, a July , o Lobinho e , bem no final de sua vida, a Mel, deram trabalho. Balanceamos a alimentação, a indicação de rações especiais não mudou a progressão da doença, por isso optamos , quando havia recusa , fazer uma papinha com cenoura, beterraba e carne(músculo) cozidos e batidos no liquidificador. Parte de minha família é vegetariana, eu sou vegana, mas meus cães não são, então a carne de boi(irmão animal), acabou virando um dilema ético assim como é em muitas Ongs que alimentam centenas de animais, entre eles cães,leões, tigres, panteras, etc.

Alimentávamos os animais com essa papinha duas vezes ao dia(almoço e jantar), nos intervalos oferecíamos aveia, arrozinha, milharinha ou farinha láctea, quando muito, alguns aceitavam uma papinha feita com frutas. Água eles tomavam bem. A papinha era dada na boca, com colher, qualquer tipo de medicação com seringas , a água eles tomavam diretamente em suas tigelas. Tudo isso exige muita dedicação.

July morreu em casa
Eutanásia: o primeiro animal que eutanasiamos foi um filhote entre 4 e 6 meses.Tenho um texto sobre ele (Homenagem ao protetores de animais) que foi muito divulgado na internet durante um tempo. O encontrei a poucos metros de uma Igreja Católica, muitas pessoas o viram caído na sarjeta, ninguém se dispôs  auxiliá-lo, até que de longe, conseguimos identificar que se tratava de um animal e que estava vivo.

Não tivemos tempo de lhe dar um nome, corremos com ele para o veterinário, ele havia sido atropelado. A que horas? Nem fazíamos ideia, ele estava gelado. Quantas pessoas já haviam passado por ele sem socorrê-lo? Muitas, havia missa na Igreja. 

O filhote respirava mal, sangue saia de suas narinas e de seus olhos, bem como dos órgãos genitais. A barriga estava inchada, e quando o recolhemos e embrulhamos num cobertor ele ameaçou um aceno de rabinho.O diagnostico inicial, traumatismo craniano, hemorragia interna e alguns ossos quebrados.Ele não suportaria uma cirurgia. A medicação inicial para aliviar a dor não seria o suficiente. Houve a indicação da eutanásia. recusamos, protelamos, mas segundo o vet, nada poderia ser feito, levaria algumas horas para ele morrer. Aceitamos extremamente contrariados. ficamos ao seu lado, segurando suas patinha e acariciando sua cabeça.ele queria abanar a cauda, não conseguia. foi horrível, chocante e extremamente doloroso ver os olhos se fechando, ver o corpo estremecendo, ver o desenlace de alma e corpo através da força.

Infelizmente alguns anos depois veríamos isso acontecendo novamente com dois SRD, um o qual apelidamos de Wagner Love, pois a bicheira já comia seu cérebro e ele mal se sustentava sobre as pernas, e o outro que já narramos no post anterior , o Lobinho.

Dos demais que nos surgiram em condições semelhantes, nós lutamos para cuidar, mesmo que as chances fossem as mínimas, vê-los partir daquele modo não lhes era digno, como muitos que defendem a eutanásia costumam dizer.

Muitas vezes já vimos/lemos doutorados, mestrados, etc e tal dizer que a eutanásia é a forma mais digna de se "livrar" do sofrimento de um animal. Não nós parece nada digno. A maioria dos "donos" se recusa a acompanhar os procedimentos veterinários de eutanásia, logo quando o animal mais precisa que o "dono" seja Tutor e esteja ao seu lado o tutor, acreditando que o cão sofre mais do que ele mesmo, se afasta.

Falamos isso por experiência própria, não por "achismo". Já fizemos o caminho da  eutanásia e já fizemos o caminho contrário a ela e tivemos mais satisfação ,e nossos animais mais dignidade, na hora do desenlace. É claro que cada caso é um caso e em muitos a eutanasia é a última e a única saída. Mas cada caso, é realmente um caso.

Presenciei um atropelamento de um poodle, porte pequeno, seus corpo entreu em meio as rodas do ônibus, o couro , desde a nuca até o rabo foi arrancado, mas o pequeno herói permanecia vivo. Pernas, costelas quebradas.Hemorragias internas. Que eu fazer? Nesse caso realmente nada, além de eutanasiar o animal poderia ser feito. Mas o amigo vai dizer. existem muitas doenças onde nada pode ser feito, o osteosarcoma é um deles. Sim, mas o animal vai estar consciente até o último minuto de sua vida, o que não aconteceu com o poodle, que permaneceu vivo, mas em coma. 

O processo dessa neoplasia vai minando as forças do animal e do tutor. Porém, não se pode alegar que o cão sofra ( as maiores alegações são essas), quanto existem tantas medicações no mercado para o alívio da dor. E a Homeopatia que tem funcionado tão bem nestes casos? Normalmente  é a nossa dor que  infinitamente maior que o sofrimento do animal. Narrei acima o passo a passo dos cuidados e sabemos que nem todos os tutores farão isso, o amor é grande até que se fique  uma , duas semanas, um, três meses sem dormir direito, trocando fraldas, dando alimentação na boca, lavando cobertores e lençóis. Quando disse acima que a Mel chorava, em seu último dia de vida, ela chorava, e em conversa com o vet tivemos certeza, não era de dor, era de medo porque ela não queria ficar sozinha naquele dia, pois pressentia o desenlace. Será que todos  estamos dispostos a essa dedicação em tempo integral?

Não. alguns não podem, são protetores de animais, moram sozinhos e não há quem os auxilia por isso optam pela eutanásia. Não vamos condenar ninguém, entendemos, já fizemos esse caminho e quem garante que não tenhamos que fazer novamente? Só estamos colocando que, se houver dedicação pro parte dos tutores em permanecer ao lado de seu animal, ele morrerá tão dignamente quanto viveu, pois será o tutor que lhe garantirá essa dignidade.

E falamos aqui somente do lado MATERIAL do animal, não de seu lado espiritual e o que causa ,no plano astral, seu desenlace forçado através da eutanásia, assunto que traremos em breve para o Blog.


Seja como for o ponto de vista de cada um, e como coloca Leonardo Boff " O ponto de vista é apenas a vista de um ponto", pedimos que reflitam diante dessa situação, que lutem pela dignidade de seus animais, pois embora não falem, eles desejam permanecer vivos ao nosso lado. Busquem alternativas que não a eutanásia, a usem somente, se for necessário ,como último recurso, para casos extremos como os que narramos acima, sejam tutores, zelem pelos seus companheiros de jornada, para que vivam, seus últimos momentos ao lado dos deuses a quem eles aprenderam a amar.


Simone Nardi






Queremos agradecer a amiga Karla, pela foto da Orelha , que hoje se encontra saudável.
Visitem o blog dela Adoções Animais


Semana que vem falaremos ainda sobre eutanásia, mas do ponto de vista espiritual.



Foto do cão Orelha: Karla
Site : Adoções Animais



Simone Nardi



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